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segunda-feira, 28 de maio de 2012

Os efeitos dos meus super treinos


Toda a gente fala e toda a gente sabe do efeito do desporto no controlo das glicemias. Mas eu não consigo deixar de ficar admirada com o que vejo! Acho tão incrível!

Como tenho andado a treinar muito mais intensivamente para me preparar para as férias tenho visto um efeito brutal nas minhas glicemias. 

Escalada nas "Pedreiras", Arrábida.
E nem se pode dizer que eu não fizesse exercício antes… eu faço sempre bastante exercício, mas não costumo fazer tanto exercício aeróbico… nas últimas semanas tenho feito 2 dias de corrida por semana, 2 dias de musculação e 2 a 3 dias de escalada, muitas vezes incluíndo caminhadas de acesso. Quando vou escalar, tenho forçado sempre mais 1 via, mais uma tentativa, depois de já estar de rastos. Tudo isto tem tido 1 grande efeito nas minhas glicemias que têm andado geralmente bem comportadas entre os 100 e os 140!

Claro que o exercício não faz milagres e há uma série de outras coisas a influenciar as glicemias. Mas é sem dúvida 1 excelente ajuda!

A nível de forma também já começo a sentir progressos. O único senão, é uma dor chata que sinto no ombro desde há 2 semanas. Acho que não é nada de grave, mas vou ter de abrandar 1 bocado o ritmo e sobretudo a intensidade dos treinos de força e escalada. Só espero que não o tenha de fazer durante muito tempo. É muito frustrante ter de abrandar quando sentimos que estamos a fazer progressos. Mas se não o fizer agora, sei que esta lesão pode tornar-se numa coisa mais séria.
 

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Objetivos para o Verão


Já estou a sonhar com as férias e já tenho grandes planos e objectivos para este Verão: vou aos alpes franceses onde quero escalar montes de picos e no regresso vou passar nos pirinéus franceses. E será aí o maior desafio: escalar a via “Les Enfants de la Dalle” no Dent d'Orlu. 

Dent d'Orlu, Pirinéus
É uma das vias em rocha mais longas dos pirinéus, com mais de 1000 metros de escalada em granito e 25 largos. A dificuldade da via é 6a+/6b. Não parece muito, mas tendo em conta que é escalada de aderência em placas e que por isso é muito psicológica e exige muita concentração… durante mais de mil metros… não vai ser pêra-doce. Na verdade será provavelmente o maior desafio que já tive. Será também a via mais comprometida, já que até ao 18º largo ainda se pode rapelar caso alguma coisa corra mal (embora deva ser um pesadelo fazer tantos rapéis), mas a partir daí, o compromisso é total e uma vez tomada a decisão de continuar, já não há escapatória, há que sair por cima!

Já devem estar a pensar que estou em muito boa forma. Mas por acaso até nem estou. Estou é com novo ataque de megalomania… à distância tudo parece possível… mas se quero que isto corra bem tenho que começar já a fazer vários treinos. Estes são os meus planos:

 . Treinos aeróbicos (corrida e remo) para aguentar um dia super-longo, sempre em esforço, com grandes caminhadas de acesso e de descida - 2 a 3 x por semana;
 . Treinos de estamina (dias longos, com muitos, muitos, muitos metros de escalada) - 1 a 2 x por semana;
 . Treinos de manobras de resgate (que espero não ter de aplicar) - 1 ou 2 até ao Verão;
 . Treinos “técnicos”, a escalar em granito e principalmente em placas de aderência para ficar muito mais rápida, menos hesitante e à vontade nas aderências para não passar medinho! - 1 x por semana.
Além de tudo isto, tenho também de aprender a lidar com a diabetes nestas condições para poder “afinar” a medicação e a alimentação a este tipo de esforço… se já nalguns dias mais “normais” isso às vezes não é fácil… num dia assim, longo e com actividade física intensa e contínua, vai ser com toda a certeza um grande desafio. Por isso, vou aproveitar os dias de treino mais longos para tentar perceber quais os ajustes que tenho de fazer.

E pronto, já tenho objectivos e já tenho um plano! O problema agora é arranjar tempo entre tantos treinos para trabalhar... Não percebo porquê, mas o pessoal lá do trabalho não é muito sensível à minha necessidade de me dedicar mais à escalada e menos aos relatórios e projectos :)

quinta-feira, 10 de maio de 2012

O Nepal contra o sofá

Os meus amigos dividem-se em dois grupos muito distintos: os fanáticos do desporto e os amigos do sofá e/ou das patuscadas. Não há muitos no meio, que vão fazendo umas coisas sem serem fanáticos.

Mas o que é que faz com que alguém deixe o sofá e se comece a dedicar de corpo e alma a uma actividade desportiva? Para mim foi o NEPAL!

A minha relação com o desporto desenvolveu-se da mesma forma que para muitos: durante a infância fazia montes de desportos porque eram divertidos, depois comecei a interessar-me por outras coisas e a mexer-me cada vez menos. Depois de acabar o curso, andava em péssima forma. Sendo bióloga, ainda fazia algumas caminhadas quando tinha trabalho de campo, mas nada a que se possa realmente chamar de exercício.

Mas como sempre quis ir aos Himalaias um dia resolvi inscrever-me numa agência para fazer um trekking no Nepal. E como tenho a mania das grandezas, o trekking seria de 16 dias a andar em montanha e a passar aos 5400m de altitude. Tinha 3 meses para me pôr em forma! E todos me aconselhavam a corrida para conseguir ter pulmão para 1 trekking daqueles.

Comecei a correr. E odiava: não aguentava nem 5 minutos seguidos. Era uma dor e um castigo. Nem consigo descrever o que sofri nas minhas primeiras corridas… mas como queria muito que a experiência no Nepal corresse bem, insisti e insisti. Hoje adoro correr J

Olhando para trás, acho que estive muitas vezes perto de desistir completamente. Se não tivesse aquela viagem marcada para o Nepal, talvez nunca tivesse aprendido a esforçar-me a sério e a gostar desse esforço… ou seja, se não fosse o Nepal, a minha vida hoje seria provavelmente muito diferente e o meu sofá conhecer-me-ia muito melhor!

E foi também o Nepal que me "apresentou" a dois grandes amigos - a Catarina (co-autora deste blog) e o Paulo, ambos diabéticos desde pequenos e verdadeiros exemplos de como a diabetes não tem de ser uma limitação, em nenhum sentido!

terça-feira, 8 de maio de 2012

Trabalho, praia e trabalho outra vez

Neste post vou variar e não vou falar de desporto. Vou falar de trabalho! Muitooooooooo trabalho....  A última semana foi muito complicada e passei cerca de 14 horas/dia no computador. Para além disso tenho que preparar e dar aulas e gerir atividades pelo que a tensão tem sido muita. Mexer-me, pouquissimo. Isto afeta a diabetes? Muito. Mas de maneiras que podem ser muito inesperadas! Seria de esperar que estivesse com hiper, certo? Acontece que tenho comido muito pouco e dormido menos ainda. Resultado, ando quase sempre com hipo, o que não dá jeito nenhum porque não tenho tido muito tempo para cuidar de mim.
Entretanto ontem fui fazer os 10 kms na Areia, uma prova da Associação Mundo da Corrida (opss, afinal sempre falo de desporto!) e apesar de tudo a prova correu bem e diverti-me imenso!
Eu nesta mesma prova, em 2009

Mais uma daquelas coisas que é difícil avaliar: estava a contar que estes dias de stress tivessem arruinado a minha forma mas afinal a continuidade dos meus treinos prevaleceu. Também foi importante o facto de ter medido várias vezes a glicémia antes do início e ter-me mantido sempre com os valores "certos" para mim - comecei com 260 e comi 4 pacotes de acuçar durante a prova. Parece-vos muito? Quando acabei tinha 130, o que foi impecável. Como já me conheço, sei com que valor devo começar e o que devo comer durante para me manter ok. Uma glicémia de 90 durante uma corrida é como 50 no sofá, é certinho que já não se vai fazer nada de jeito!

Agora estou de volta.... ao trabalho. E a coisa complicou ainda mais...vamos a ver o resto da semana. Mas estou contente com o dia de ontem e já estou a planear a próxima corrida!

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Adrenalina e diabetes


Quando comecei a monitorizar as minhas glicemias, parecia que nada fazia muito sentido. Lembro-me de um dia, depois de passar toda a manhã a escalar, tendo comido o pequeno almoço muito cedo e apenas 1 maçã e 2 bolachas a meio da manhã, medi a glicemia e tive 1 valor bastante elevado. Fiquei perplexa e a pensar que nem maçãs podia comer. Nessas primeiras férias de escalada depois de ficar com diabetes perdi mais de 2kg a tentar seguir as indicações que me tinham dado para regular os níveis de glicemia.

Felizmente depois conheci uma médica que me explicou o efeito da adrenalina. Em desportos como a escalada, há libertação de elevadas quantidades de adrenalina nos momentos de maior tensão: uma queda ou mesmo o pensar que podemos cair podem fazer disparar a libertação de adrenalina. Esta adrenalina, por sua vez, aumenta os níveis de açúcar no sangue. Quem medir a glicemia nessa altura vê que está com hiperglicémia e tenta fazer a glicemia baixar para valores normais: ou não come, ou, no caso dos insulino-dependentes, dá 1 dose extra de insulina. Mas a verdade é que pode ter de fazer o oposto: ingerir uma porção de hidratos de carbono. Isto porque os açúcares libertados aquando de uma descarga de adrenalina, são rapidamente reabsorvidos pelo organismo. Se 1 diabético já tomou precauções para baixar a glicémia pode mesmo entrar em hipoglicémia quando a adrenalina deixa de fazer efeito.

Por isso, para diabéticos desportistas, é essencial aprender a reconhecer estas situações em que a hiperglicémia se deve à adrenalina e aprender a geri-las. Uma hiper seguida de hipo pode acabar com o dia de desporto…

Nessa manhã da maçã, tinha acabado de dar 1 grande queda quando medi a glicemia e foi por isso que tive 1 valor tão elevado… e o facto de não ter comido depois fez com que me sentisse fraca o resto do dia.
Mais informação aqui, aqui ou aqui.