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terça-feira, 19 de junho de 2012

A importância do apoio

Um dia destes pus-me a ler os posts que já publiquei e apercebi-me de que escrito assim o meu percurso enquando desportista e diabética parece muito bom, muito fácil e muito linear. Mas não foi nada assim.

Em Diabetes tipo 1: o inicio contei que conhecer a AJDP me permitiu iniciar a prática do montanhismo e conversar com outros diabéticos sobre a minha doença. O que eu não disse foi em que medida isso foi fundamental e eventualmente salvou a minha vista. É que apesar de correr e nadar nessa altura, porque gostava, eu nao fazia glicémias regularmente, dava a insulina "a olho", pelo que comia e nem sequer sabia o que queria dizer HgA1c. Não ia ao médico há anos mas como me sentia bem, ia levando. Percebo agora que aquela fase da negação da doença que ouvimos falar pode acontecer de várias formas e em várias alturas e se calhar aqueles de nós que ficamos diabéticos em crianças não a temos nessa altura porque somos pequenos e não questionamos tanto as coisas mas mais tarde podemos lidar com a questão de formas bem complicadas. No meu caso já tinha mais do que idade para ter juízo, estou a falar duma altura em que já tinha 25 anos! Mas estava mal informada, sobretudo porque assim queria estar.

A AJDP é uma associação de jovens diabéticos (mas que também acolhe pessoal já não tão jovem!) cujo objetivo é desmistificar a doença socialmente promovendo a prática desportiva dos diabéticos e dessa forma melhorar a sua qualidade de vida e controlo metabólico e ao mesmo tempo tornar claro que o diabético pode e deve ter uma vida normal e não se sentir limitado pela sua condição. A AJDP tem anualmente um campo de férias desportivas onde os jovens praticam diversos desportos e são acompanhados de forma a perceberem o impato da atividade na glicémia e aprenderem depois a fazê-lo sozinhos. Para além disso tem imensas atividades, entre as quais caminhadas periódicas
e expedições, já tendo levado diabéticos ao pico mais elevado de África, o Kilimanjaro,
ao Toubkhal, em Marrocos,  ao Aconcágua, nos Andes e ao Pico, nos Açores.
Palestra – Aconcágua

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Há dias em que não apetece!


Rappel no Promontório, Cabo da Roca

Isto da escalada é duro… é preciso estar com vontade de arriscar, de sofrer e de lutar contra os medos. Se por um lado é por isso que acho escalar tão interessante, por outro lado, às vezes simplesmente não me apetece. O último fim-de-semana foi tão duro para a cabeça que me perguntei várias vezes: “o que é que eu estou aqui a fazer????”… e cheguei a 2ª feira cansada… depois fiquei com vontade de qualquer coisa menos comprometida, percebem?

Com a diabetes também é assim. A maior parte do tempo quero ter tudo controlado: comer às horas certas, não comer porcarias, medir a glicemia, fazer exercício, etc. mas também há dias em que não apetece, mesmo nada…

Felizmente as duas situações são raras e rapidamente volto a ganhar motivação para as minhas pequenas batalhas!


A dar segurança no topo da falésia do Promontório, Cabo da Roca

terça-feira, 5 de junho de 2012

De manhã é que começa o dia

O calor chegou pelo que tive que mudar os horários dos treinos. A última vez que corri à hora de almoço ia sufocando por isso agora vou a correr às 7 da manhã. Custa muitoooooo. Mas vale a pena, fica-se revigorado e pronto para começar melhor o dia.

O calor traz algumas questões à prática desportiva em geral e ao desporto na diabetes em particular. Da minha experiência, há que:
- treinar de preferência de manhã cedinho ou ao final do dia. Mas final mesmo final, depois das 19h, porque antes ainda está muito calor. Qual é o risco adicional de treinar com calor para o diabético? Agrava o perigo de desidratação. Como o diabético já tem mais tendência para este problema pelo facto da nossa glicémia oscilar mais e atingir níveis mais elevados, deve prevenir situações de desidratação;

- para tal, beber muita água. Antes, durante e depois, quando quiserem, o importante é beber muita.

- roupa leve. Curiosamente ainda veícula a ideia de que se suarmos muito emagrecemos e vê-se imensa gente a correr cheia de roupa. Esqueçam isso! Suar é perder liquidos, desidrata. Emagrecer é perder gordura e esta não sai pelos poros, é queimada lá dentro com o exercício, de preferência aeróbico, contínuo e de duração superior a 15min. Hoje em dia há imensa roupa específica para correr mas na verdade qualquer t-shirt e calções servem. Já os ténis devem ser adequados para bem dos vossos tendões. As meias devem ser adaptadas à estação, no Verão meias demasiado grossas podem fazer bolhas, o que não é nada bom para um diabético.

- protetor solar e chapéu: podem sair quando o sol ainda está a nascer mas ao voltar vão apanhá-lo.
- e isto faz pensar na última dica, também geral para todos os que queiram iniciar a corrida: pensem na volta! Quem tem pouca experiência costuma ter 2 problemas: o ritmo e a duração. Terão de ser vocês a encontrar o vosso ritmo e se começarem com um ritmo demasiado alto rapidamente vão perceber porque vão ficar estoirados. Estamos no nosso ritmo de treino quando conseguimos falar enquanto corremos. E o ritmo tenderá a ser mais baixo quando está muito calor. Quanto à duração, marquem distâncias ou tempos curtos para começar, por ex. 15min e depois vão aumentando.