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quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Libre - primeiras impressões

Como disse no último post, tive a oportunidade de testar o Libre da Freestyle durante as duas últimas semanas. Adoreiiiiii! Mesmo! tinha algum medo que ele não resistisse ao meu ritmo acelerado, mas a verdade é que superou todas as espectativas e aguentou-se colado ao meu braço durante os seus 14 dias de vida :). E nem sequer tive de usar pensos ou adesivos.
Um dos muitos treinos com o libre


Fiquei com muita pena de ter de me separar dele... é uma pena ser tão caro e não ser comparticipado.

Entretanto, aprendi umas quantas coisas novas. Por exemplo, percebi que 30 minutos antes de treinos que puxem mais pelo sistema anaeróbico, tenho de dar uma dose de insulina, caso contrário tenho 1 pico de glicemia; depois do treino posso comer alguns hidratos e não dou insulina.

Também vi de forma muito clara o efeito da minha dieta KETO ou cetónica (ou cetogénica?).

Um dia com dieta Keto ou cetonica. O pico às 19h30 corresponde a um treino de musculação (devia ter dado 1 unidade de insulina para o evitar).

Um dia a comer hidratos com vários picos...

Dá para ver bem a diferença, não?

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Mulher Biónica ou o Medidor de Glicose Continuo

Finalmente tive a oportunidade de experimentar o Freestyle que é um sensor que se coloca no braço e permite a monitorização em contínuo da glicose.

A grande importância deste sistema é que permite sabermos o que se passa com a nossa glicémia 24h/dia. Pode dar-nos informação muitíssimo mais valiosa do que as tradicionais tiras de glicémia que apenas nos dão 1 pequena visão do que se passa num determinado momento.

Por isso, queria mesmo testar o freestyle. Perceber o efeito dos diferentes alimentos; a diferença que faz o timing em que se usa insulina, o que acontece durante um treino, etc.

E este fim de semana fui já testá-lo para a rocha e em condições bem extremas de calor e humidade.


Para já o meu balanço é muito, muito positivo. Já aprendi bastantes coisas só por poder ver em tempo real os gráficos de glicémia. Também passou o teste da escalada. Confesso que tinha algum medo de que a meio do dia ele se descolasse ou estragasse, mas aguentou-se!

Só tenho pena que apenas dure 14 dias. Não percebo como é que uma coisa destas que pode melhorar tanto a vida das pessoas com diabetes não é comparticipada. E provavelmente não ficaria mais caro ao SNS do que as tiras. E a longo prazo pode reduzir em muito as complicações da diabetes, poupando muito dinheiro ao SNS...

Quem puder, por favor participe na petição pública: http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=diabetes-libre. Obrigada!

terça-feira, 30 de agosto de 2016

Dieta cetogénica e diabetes - Parte 1

Como disse aqui, não andava satisfeita com os meus resultados a nível de controlo de glicémias. Em média, até andavam controladas, mas tinha hipos e hipers com alguma frequência. Não só quando “falhava” a contagem de hidratos porque comia qualquer coisa 1 bocado diferente, mas também noutras situações em que não parecia ter feito nada errado.

Entretanto, como gosto de ler sobre desporto e nutrição, deparei-me com a dieta cetogénica (ketogenic diet). Há quem a confunda com outras dietas baixas em hidratos de carbono como a dieta Atkins ou a dieta Paleo. Mas a dieta cetogénica é bastante diferente num aspeto muito importante: a sua ideia de base é alterar o metabolismo (e a principal fonte de energia usada pelo organismo), não é permitir ou proibir certos alimentos. Passo a explicar:

A dieta cetogénica pretende adaptar uma pessoa a usar gordura (cetonas) como principal fonte de energia em vez dos hidratos de carbono. Para se conseguir isto, temos de limitar muito a quantidade de hidratos de carbono que ingerimos.

Esta ideia – usar cetonas como principal “carburante” – fez-me sentido porque, como diabética tipo 1, eu não consigo metabolizar hidratos de carbono de forma perfeita. Como o meu organismo não produz insulina, eu tenho de calcular quanto é que ele precisa desta hormona a cada momento e dar-lha. E muitas vezes este cálculo corre mal porque é altamente complexo e envolve imensas variáveis (alimentação, desporto, stress, repouso, hormonas, saúde, etc.).

Por isso procurei mais informação sobre esta dieta e sobre o seu uso no controlo de diabetes. Aprendi imenso, ainda estou a aprender neste momento, e algo me diz que ainda tenho muito para aprender...

Aprendi que não é algo que se possa começar de ânimo leve. É preciso informarmo-nos muito bem e percebermos o que fazer e como. Ou corremos o risco de fazer tudo mal e pôr a nossa saúde em risco. E por isso, me tenho sentido algo relutante em escrever sobre isso. Porque não quero de maneira nenhuma incentivar outras pessoas a seguirem esta dieta de ânimo leve. É algo que poderá fazer sentido para outras pessoas como fez para mim, mas tem de haver muito empenho da sua parte. Por isso, vou fazer 1 série de posts sobre esta dieta, com informação detalhada de modo a que outras pessoas possam estar bem informadas caso queiram também experimentá-la.

Algumas ideias importantes que gostava de partilhar (e espero desenvolver nos próximos posts):


  1. O que é e o que não é a dieta cetogénica – as bases científicas do que esta dieta faz ao nosso metabolismo e organismo
  2. A dieta cetogénica para um diabético – não é só o que se come, a quantidade e a periodicidade da insulina também ajuda ou dificulta a produção de cetonas e a adaptação a esta dieta; os benefícios, para 1 diabético são também muito diferentes dos típicos “redução do peso e do apetite” ou “melhor desempenho atlético”. Para mim, o mais importante é mesmo o controlo muito maior da glicémia.
  3. Desporto à base de cetonas – subtilezas a aprimorar para não ficar sem gaz a meio da atividade (aqui ainda ando a fazer experiências...)
  4. Resultados até aqui (e, possivelmente, o que ainda terei de aprimorar no futuro)


terça-feira, 19 de julho de 2016

Tanto, mas tanto tempo sem aqui vir…

Tenho andado andado à procura da minha maneira de lidar com a diabetes, a aprender e a explorar novas maneiras de viver como diabética tipo 1. E o percurso nem sempre tem sido o mais fácil.

Depois da famosa lua de mel, tive vários períodos com descontrolos das glicémias e isso teve um grande impacto em mim. Sempre fui altamente dedicada (há quem diga controladora J) e sempre fiz tudo por ter boas glicémias: contar hidratos de carbono, medir a glicémia com muita regularidade, fazer imenso desporto, registar tudo... e mesmo assim havia números inexplicáveis, frustrantes, irritantes.

Mas quem vive com diabetes sabe que isto é mesmo assim: é impossível controlar tudo, e temos de aprender a lidar com estas frustrações. Vão sempre haver medições inexplicáveis. Comes o mesmo de sempre, dás a mesma insulina, dormes o mesmo, fazes as mesmas atividades, e, do nada, BUMMM, lá está uma hiper! Ou uma hipo!

Só que eu não lido nada bem com isso. E, saber que isso “é normal” não me deixa mais satisfeita ou sossegada. Percebi que para me sentir bem e conseguir continuar a evoluir no meu desporto – a escalada – teria de encontrar a minha maneira de lidar com a diabetes e por isso continuei sempre a fazer experiências. Com comidas, desporto, diferentes modos de dar insulina – mais ou menos lenta, a diferentes horas, partida em duas doses...

Enfim, tenho sido o meu próprio laboratório e tenho chegado a algumas conclusões do que melhor funciona comigo. 

Agora faço uma dieta “ketogenic” que acho que em português se chamará cetónica ou cetogénica, e tenho conseguido um controlo muito melhor das glicémias. Sobretudo, consigo passar dias e dias sem hipos nem hipers o que é muitíssimo diferente do que era a minha realidade há alguns meses atrás.

A ver se num futuro próximo partilho mais sobre as minhas experiências aqui. Não no intuito de dar uma “receita” do que se deve ou não deve fazer, mas para motivar quem também não está satisfeito com os seus resultados a nível de controlo de glicémias ou a nível desportivo a fazer experiências e encontrar maneiras de os melhorar. 

À procura de equilíbrio na escalada e na vida